Categorias de servidores públicos reagiram à concessão do benefício apenas para as forças de segurança e ameaçam deflagrar greve a partir de 9 de março

Anajus Notícias
14/02/2022

O presidente Jair Bolsonaro tentou jogar aos demais servidores públicos federais, em entrevista levada ao ar na noite desta sexta-feira (11) pela emissora oficial TV Brasil, que, se não houver “entendimento”  com as categorias, ficará para o 2023 o reajuste salarial prometido por ele para policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes penitenciários.

O governo federal reservou R$ 1,7 bilhão no orçamento deste ano para conceder aumento para as forças de segurança. A medida, contudo, foi amplamente criticada pelo restante do funcionalismo público, cuja maior parte não recebe aumento desde 2016. Está prevista nesta semana mobilização para a deflagração de greve geral da categoria a partir de 9 de março.

A previsão de recomposição salarial para essas carreiras provocou reações entre as demais categorias de servidores federais, que passaram a também reivindicar reajuste e ameaçar paralisações. Fiscais da Receita Federal chegaram a entregar cargos de chefia em protesto.

“Houve uma grita geral. Muitos servidores querem aumento também. Eu acho que todos merecem aumento, todos merecem realmente porque trabalham, mas a pandemia nos deixou numa situação sem recursos”, declarou Bolsonaro, indo contra previsão de especialistas de que há espaço no Orçamento 2022 para concessão de reajuste.

“Se houver entendimento por parte dos demais servidores — alguns ameaçam greve etc. — a gente pretende conceder essa recomposição aos policiais federais, rodoviários federais e aos agentes penitenciários. Se não houver entendimento, a gente lamenta e deixa para o ano que vem”, afirmou.

Indicativo de greve

O recado do presidente da República não deve esfriar a mobilizações do movimento dos servidores a favor de recomposição salarial de no mínimo 19,99%, a inflação medida desde janeiro de 2019 no atual governo. “Estão previstas mobilizações neste mês, fóruns estaduais com os sindicatos que fazem parte da entidade nacional, para que eles organizem as assembleias nos locais de trabalho e no final de fevereiro definir o indicativo de greve para o 9 de março”, explica o secretário-geral da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (Condsef), Sergio Ronaldo da Silva, segundo o site da CUT.

O dirigente defende um tratamento isonômico entre os servidores e reivindica um reajuste linear de 19,99%. A entidade aponta ainda o enfraquecimento de servidores públicos no Estado brasileiro. Quando da promulgação da Constituição de 1988, o quadro de servidores era de 712 mil servidores e hoje, 33 anos depois, não passa de 540 mil, sendo reduzido a cada ano por falta de concursos públicos, e vai piorar em breve com a aposentadoria de milhares, prevê a entidade.